o Fusca foi incendiado por "fascistas", e não pela mesma esquerda que o site defende. Como um político atrás de voto, o site não quer esclarecer, e sim confundir e se livrar de suas próprias criaturas.
Mais uma vítima da destruição niilista propagada pela rede anarquista Black Bloc se fez nos protestos deste domingo na capital paulistana, que comemorava o seu aniversário em meio a muitos protestos contra a Copa do Mundo: o serralheiro Itamar Santos voltava da igreja com sua família, incluindo criança, em um Fusca 1975, quando passou por cima de um colchão em chamas.
Ainda com medo de se identificar, Itamar apenas comentou que, quando viu as chamas, elas já estavam do lado de seu carro – portanto, muito provavelmente chutaram o colchão para debaixo do veículo. Hoje deu entrevistas em que relatou o pânico que sua família sentiu.
As pessoas de ideologia política mais avessa a quem vai à igreja e ao conceito “família” – além de serem acólitos do partido político que inventou de trazer a Copa para o Brasil, mesmo sem infra-estrutura adequada – precisaram inventar uma boa desculpa para explicar por que os caudatários de suas verborréias em forma de ação direta são capazes de cometer tamanho grau de violência.
O site Brasil 247 (o famoso 2+4+7=13) inventou a mais espalhafatosa possível: o serralheiro fora vítima de “extremistas de direita”. De “fascistas”.
Este é mais um caso das definições doentias que mascaram a realidade ao invés de tentar explicá-la. No dizer do filósofo Ortega y Gasset, o intelectual tenta clarear as idéias, enquanto o político tenta confundi-las. Estes formadores de opinião do Brasil 171 não são intelectuais: são políticos fazendo propaganda política com a mesma credibilidade de um marqueteiro político.
Para este site, que venderá a informação como a mais nova descoberta da matemática pura e fará pessoas com pouca cultura e muitos hormônios repliquem o fato como autoprobante, “direita” e “esquerda” não são posições políticas distintas, definidas por ideologias, valores e métodos distintos. É apenas o sentimento de parceria que possa ser utilizado com fins eleitorais.
Se é agradável é automaticamente “de esquerda” (mesmo que signifique abrir o mercado, descentralizar planejamentos, auto-gestão, direito de propriedade). Se é desagradável, é “de direita”, sobretudo parente do fascismo – que, como movimento de massa, estatizante, centralizador, anti-liberal, anti-mercado, tudo dentro do Estado, tudo para o Estado, nada contra o Estado. Ou seja,
muito mais aparentado da esquerda do que da direita (não à toa, Hitler fazia pactos com Stalin, como o pacto Ribbentrop-Molotov, contra o “imperialismo” – enquanto Churchill garantia a uma Inglaterra pós-vitoriana que, se Hitler invadisse o Inferno, se aliaria ao Capiroto).
Uma pessoa minimamente alfabetizada e honesta encara o que é esquerda e direita pelo que são e pelo que os próprios defensores de cada uma dizem que defendem. Não se pode entender o que é o judaísmo perguntando-se para Adolf Hitler, e sim perguntando-se para um rabino. Pela mesma razão, não se pode saber o que é a direita perguntando-se apenas para esquerdistas e vice-versa. Ainda mais com formadores de opinião tão desonestos, capazes de chamar anarquistas black bloc de “extrema direita”.
Sabe-se o que é a esquerda pesquisando-se as teorias que vão de Rousseau a Negri, de Marx a Butler, de Gramsci a Chomsky, de Marcuse a Žižek (ladeira abaixo,
I know).
Sabe-se minimamente o que é a direita freqüentando seus defensores, de Burke a Scruton, de Tocqueville a Sowell, de Burckhardt a Kimball. Despiciendo lembrar que os últimos nomes são grego para os esquerdistas (do contrário, passariam imediatamente da esquerda para a direita). Não é de seu feitio freqüentar opiniões que, ao invés de explicar o mundo, reforcem o bando.
É a famosa
animalização da linguagem: ao invés dos signos lingüísticos descritivos serem usados para descrever friamente a realidade, tornam-se peças de propaganda apenas para reforçar o grupo, forçando os limites da carga psicológica que carregam e esvaziando-se de todo as suas referências ao real – esta coisa tão de segundo plano.
Assim, formadores de opinião como os do Brasil 247 apenas fazem com que seus leitores, rigorosamente virgens de entendimento do que tanto criticam (e, na maioria absolutíssima do caso, defenderiam, se pesquisassem o que é essa tal “direita”), usam signos fortíssimos como “fascista” ou “extremista de direita” apenas como cachorros cheiram as partes íntimas uns dos outros para identificar quem é da matilha e quem é inimigo.
Inventando-se sempre
um opressor e um oprimido estanque (a matilha e a não-matilha, ou “nós e os fascistas”), fica fácil dizer que qualquer cretino faz sempre parte do bando inimigo, qualquer coisa que tenha conseqüências boas, ou mesmo aparência de bondade, é “nossa”. Se a opinião pública nunca ficaria a favor de anarquistas (com “A” da anarquia desenhado e muitas vezes foices e martelos comunistas), basta dizer, como fez Alex Solnik, que black blocs são “de direita”.
Não importa que black blocs sejam violentos justamente porque odeiam a propriedade privada, não importa que sejam contra as empresas capitalistas (embora não percebam que a sua “autogestão anárquica” é, justamente, o que o capitalismo faz), não importa que seu meio seja a violência e o desrespeito ao patrimônio, não importa que a sua “ação direta” seja justamente para derrubar tudo o que a direita erigiu – incluindo suas bases, como o trabalho de um serralheiro, sua religião e sua família. Basta imputar-lhe um rótulo odioso, “fascista”, e se livrar do problema – ainda o jogando no colo de suas próprias vítimas.
Os “extremistas de direita” são justamente extremistas de esquerda – mas desagradáveis demais para esquerdistas carregarem o fardo, quando estão apenas preocupados em moldar a opinião pública atrás de votos fáceis de pessoas que, dominadas por estes deformadores de opinião, nunca terão uma cultura sólida, tornando-se facilmente tapeáveis.
A direita, defensora do mercado, da propriedade, da privatização, do empreendimento, da liberdade econômica, da família, do direito à livre manifestação religiosa, de crença e ideologia sem uma opinião oficial de Estado a ser obedecida por todos os súditos, é nitidamente tudo o que os black blocs odeiam.
Como imputar-lhes o rótulo de “extremistas de direita”, quando justamente apenas fazem a “ação direta” (outra coisa condenável pela direita) contra o que esquerdistas como os do Brasil 247 mais detestam?
O Brasil 247, na verdade, é apenas um black bloc teórico, de gabinete, bunda-mole: sua infantaria nas ruas são os adolescentes niilistas destruindo tudo apenas pela diversão e senso de pertencimento a um grupo (nunca pelo freqüentamento de bibliotecas). Como a opinião pública, quando vê na prática o que isso significa, com o Fusca de um pobre trabalhador ser incendiado com a sua família inteira dentro, rejeita esse ideário que parecia lindo na teoria (“Acabaremos com os poderosos e os preconceituosos! Defendemos a igualdade!”), o Brasil 247 apenas rejeita a sua infantaria como bois de piranha para serem devorados por aqueles de quem querem apreço e voto.
Todavia, é óbvio que o nojinho que o Brasil 247 sente por mercado, propriedade, empreendedorismo e valores tradicionais não tem outra materialização possível na realidade concreta do que, justamente, um Fusca pegando fogo com a família de um pobre serralheiro inteira dentro, voltando da igreja.
Não à toa que os maiores direitistas do mundo foram perseguidos pelos fascistas na Europa e até na América (Eric Voegelin, Ludwig von Mises, Friedrich Hayek, Erik von Kuehnelt-Leddihn, Ortega y Gasset). Os black blocs defendem extremamente o que qualquer um destes tenha defendido?
Não è tampouco à toa que os direitistas sejam a maioria entre os judeus, o principal alvo do fascismo e do comunismo,
estes gêmeos heterozigóticos, segundo feliz expressão de Pierre Chaunu. E que a esquerda, que chama tudo o que é ruim de “fascista”, fascistamente repudiam tanto – basta ver como tratam Israel.
Também não é à toa que o povo rejeite os black blocs a ponto de ter espancado um deles em um dos shows de comemoração de aniversário da cidade de São Paulo, no mesmo dia do Fusca.
Mas, com conceitos embolorados e confusos graças à máquina de propaganda que é a mídia financiada, mentirosa e inculta, esta mesma população é incapaz de perceber que defende valores de direita, de liberdade de mercado, de propriedade e recusando a ação direta violenta – ou seja, justamente é incapaz de perceber o quanto rejeita algo doentio .
Por sinal, o que é esta curiosa bandeira encontrada nas manifestações contra a Copa, sendo que a Copa foi um “presente” aos brasileiros do PT no poder, senão uma eterna tentativa de transformar qualquer coisa em votos, inclusive manifestações de repúdio ao PT, como se viu tanto em 2013?