A revista cita os protestos de junho, e se pergunta se a presidente Dilma Rousseff vai conseguir recolocar o país nos eixos. Além disso, pergunta se a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos vão ajudar a recuperação do Brasil ou simplesmente trazer mais dívidas.
'Voo de galinha'
A revista relembra o cenário otimista há quatro anos: a economia tinha se estabilizado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, nos anos 1990, e acelerado no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, no começo dos anos 2000; sentiu pouco o colapso do banco Lehman Brothers, em 2008; cresceu 7,5% em 2010; foi escolhida como sede da Copa do Mundo e das Olimpíadas; e Lula ainda conseguiu eleger Dilma Rousseff como sua sucessora."Desde então, o país tropeçou e voltou à realidade", diz. A reportagem cita o crescimento de 0,9% em 2012 e as manifestações que encheram as ruas do país em junho contra os altos custos de vida, a precariedade dos serviços públicos e a corrupção política.
"Muitos agora perderam a esperança de que seu país estava fadado ao sucesso e concluíram que foi apenas outro voo de galinha", afirma a revista, usando a expressão em português.
Investimentos em infraestrutura 'pequenos como biquíni fio-dental'
A revista afirma que muitas das políticas do ex-presidente Lula -"notavelmente o Bolsa Família"- são admiráveis. "Porém, o Brasil fez muito pouco para melhorar seu governo nos anos de crescimento."A chance perdida não é exclusividade brasileira; aconteceu também com a Índia, segundo a reportagem.
No caso do Brasil, é pior, diz a "Economist", porque a carga tributária é muito alta e pesa demais sobre as empresas, enquanto o governo "tem seus gastos prioritários de cabeça para baixo".
Outro complicador, segundo a revista, é que, apesar de ser um país jovem, gasta demais com aposentadorias, e de menos com infraestrutura. "(...) apesar das dimensões continentais do país e péssimas conexões de transporte, os investimentos em infraestrutura são tão pequenos como um biquíni fio-dental", diz.
'Dilma interfere mais que pragmático Lula'
A revista faz, ainda, duras críticas à atuação da presidente Dilma Rousseff em relação a interferências do governo em assuntos privados. Segundo a revista, a atuação de Dilma teria afastado investidores dos projetos de infraestrutura."Esses problemas vêm se acumulando há gerações. Mas Rousseff não quis ou não conseguiu combatê-los, e criou novos problemas ao interferir muito mais do que o pragmático Lula."
Em vez de assumir indicadores desfavoráveis, afirma a "Economist", o governo lançou mão de "contabilidade criativa" e a dívida pública avançou para entre 60% e 70% do PIB. "Os mercados não confiam em Rousseff", diz.
Luz no fim do túnel?
Segundo a revista, a solução para o país inclui, primeiramente, "redescobrir o apetite por reformas" e reestruturar os gastos públicos, especialmente com aposentadorias. Em segundo lugar, tornar os negócios brasileiros mais competitivos e encorajar investimentos, abrindo o mercado e expondo as empresas à competição mundial.Em terceiro lugar, precisa urgente de uma reforma política, diz a revista, citando a multiplicação de partidos e os 39 Ministérios do governo.
"O Brasil não está condenado ao fracasso: se Rousseff colocar a mão no acelerador, ainda há uma chance de decolar novamente", diz a "Economist".
Brasil já foi o "queridinho" dos investidores
Em 2009, a mesma revista publicou uma capa especial sobre o Brasil. A imagem do Cristo Redentor voando simbolizou um momento de amadurecimento da economia do país.A revista "The Economist" disse na época que o Brasil era "a maior história de sucesso na América Latina".
A revista afirmava que o país deixava de ser uma promessa e começava a dar resultados, mas advertia que um dos riscos era o excesso de confiança.
Em 2009, a "Economist" citou as descobertas de petróleo no pré-sal (águas profundas no litoral) e as exportações para países asiáticos como elementos que iriam estimular ainda mais o crescimento da economia brasileira nos próximos anos.
A previsão era que o Brasil seria a 5ª maior economia do mundo em 2015.
FONTE: UOL