Imagem: Moacyr Lopes Junior/Folhapress |
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BRAZIL NEWS
Mostrando A verdade que a mídia não mostra - NÃO SEJA MASSA DE MANOBRA. PENSE, QUESTIONE E ANALISE.SAIA DA MATRIX ! Porque o mundo não é como nos contaram, a história foi modificada, a música, o cinema, a política, o esporte, a igreja, os alimentos, tudo está no domínio deles, até o CLIMA.
BRASIL: Política de Dilma está quebrando o etanol, diz presidente de entidade
A indústria do
etanol vive a maior crise de sua história e a responsável é a política
econômica do governo Dilma Rousseff. Esse é o alerta de Elizabeth
Farina, presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
Ao longo das
cinco safras recentes, 44 usinas fecharam (de um total de 384). Das
usinas atuantes, há 33 em recuperação judicial e 12 não vão moer cana
este ano. "As políticas de controle de preço da gasolina e de redução da
Cide [Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico] foram mortais
para o setor", afirma Farina.
A Folha de S.
Paulo apurou que alguns empresários do setor, que foi grande doador em
eleições passadas, ameaçam não contribuir para a campanha à reeleição de
Dilma, de tão descontentes com as medidas.
"Lula falava
que os usineiros eram heróis, que o Brasil ia ser a Opep do etanol. Era
uma sinalização do papel central que o etanol tinha na economia do
país", diz Farina.
Já a presidente Dilma "parece que ficou com uma mágoa" do setor, que fatura US$ 48 bilhões por ano.
Qual é a situação do setor sucroalcooleiro hoje?
O setor vive a
maior crise de sua história. Só nas últimas cinco safras, 44 usinas
fecharam as portas, sendo 25 no Estado de São Paulo. Há ainda 33 usinas
em recuperação judicial. O endividamento é altíssimo.
Em 20% das
usinas, 30% da receita estão comprometidos com serviço da dívida (juros e
amortizações). Perdemos associados, que pararam de pagar a associação
porque estão em dificuldades. Oitenta mil pessoas foram demitidas.
Como o setor chegou a uma crise dessas proporções?
De 2003 a 2009,
tivemos um ciclo virtuoso de investimento. O preço do petróleo estava
subindo e era refletido nos preços domésticos. Havia Cide de R$ 0,28 por
litro de gasolina, que dava competitividade ao etanol, e uma
sinalização governamental positiva pela pressão que foi feita sobre a
indústria automobilística para gerar o carro flex, com redução de IPI.
Isso tudo estimulou investimento e trouxe para a indústria cem novas
usinas no período. Aí veio a crise de 2008, que pegou o setor em um
momento de endividamento. Isso teve impacto muito negativo.
A reação do
governo foi tentar amenizar a crise no Brasil incentivando a demanda.
Reduziram o IPI sobre os veículos e expandiram o crédito para compra de
automóveis. O setor, pressionado do ponto de vista financeiro, parou de
investir em renovação de canavial. Com o canavial mais velho, cai a
produtividade. Além disso, tivemos três safras seguidas com problemas
climáticos. Foi a tempestade perfeita —menor capacidade de investimento
por restrições financeiras e mau tempo.
Isso fez com
que a produção do etanol caísse, o preço subisse, e nós perdêssemos
competitividade. Em 2010, começou a pressão inflacionária, que fez o
governo adotar uma política de controle do preço da gasolina na
refinaria e reduzir a Cide sobre a gasolina. Essas políticas foram a
morte para o setor.
O etanol concorre com a gasolina na bomba. Ao segurar o preço da gasolina, impõe-se também o controle de preço para o etanol.
Se não houver nenhuma mudança de política econômica para o setor este ano, o que vai acontecer?
Hoje o preço da
gasolina está defasado em cerca de 20%. A perspectiva é que um número
maior de usinas encerre atividades ou entre em recuperação judicial.
Onde o setor errou? Houve excesso de investimento?
Houve um
investimento cavalar, e a crise pegou todo mundo de surpresa. Mas
excesso de investimento precisa ser examinado no prazo mais longo. As
oportunidades que se desenhavam no cenário nacional e internacional eram
imensas —lá fora, os EUA estavam implantando seu plano de metas de uso
de combustíveis renováveis e a União Europeia, as metas para redução de
emissões. Muito disso não se materializou, a UE manteve tarifas altas
para importação de etanol, os EUA estão revendo seus planos. A visão de
um mercado internacional de etanol enorme não se concretizou.
Lula falava que
os usineiros eram heróis, que o Brasil ia abastecer o mundo com
combustível renovável, sinalizando o papel central que tinha o etanol.
Como as perspectivas foram frustradas, esse investimento se mostrou
excessivo. O interesse pelo pré-sal tirou o foco do etanol. E o combate à
inflação, feito por meio de controle de preços e redução da Cide, foi
mortal. Eliminou o diferencial tributário que garantia competitividade
ao etanol —que, para valer a pena para o consumidor, precisa ser 30%
mais barato que a gasolina.
Quais são as reivindicações do setor?
Queremos
programas específicos para aumentar a eficiência dos motores no uso do
etanol. E também incentivo para um carro híbrido flex (eletricidade e
etanol). Queremos a volta da Cide sobre a gasolina, hoje zerada. O
governo desonerou o combustível fóssil e poluente e reduziu a
competitividade do combustível limpo.
O ministro
da Agricultura, Neri Geller, anunciou que negocia um aumento da mistura
de etanol anidro na gasolina, de 25% para 27,5%. Resolveria o problema?
É uma medida emergencial, mas aliviaria o setor.
As montadoras afirmam que isso prejudica o desempenho do motor e aumenta as emissões de poluentes...
Eu não conheço
os testes, porque eles não levaram para o governo, mas acho muito
improvável. Nos EUA, as montadoras diziam que não podiam subir de 10%
para 15% a mistura do etanol na gasolina, e aqui no Brasil o mesmo motor
usa 25% e não dá problema. Qualquer aumento na mistura de etanol, que é
mais barato, permitiria recuo no preço final da gasolina na bomba.
O governo tem dito que fez tudo o que vocês pediram, só não vai dar subsídio nem aumentar o preço da gasolina...
Não pedimos
subsídio, só não queremos competir contra ele. A desoneração que foi
dada é incompleta, e não está toda implementada. Até agora, o que o
governo fez pelo setor foi elevar de 20% para 25% a mistura e oferecer
financiamentos do BNDES para renovação de canavial.
Vocês sentem falta de uma melhor interlocução com a presidente Dilma?
Poucas vezes
tive oportunidade de conversar com a presidente. Já o governo como um
todo tem interlocução com o setor, toda semana eu vou para Brasília. Mas
entre ter interlocução e ter a concretização de ações é uma distância
grande.
Lula foi melhor para o setor?
Foi, porque ele
era um entusiasta —apesar de o entusiasmo com o pré-sal também ter
começado com ele. Hoje, ninguém duvida que a política econômica está
quebrando o setor de etanol. É o maior consenso que eu já vi entre
economistas. Essa política tem gerado sequelas na Petrobras, no etanol e
em toda a área de energia. A gente corre o risco de perder a maior
experiência ambiental de substituição de combustível fóssil por
renovável.
Existe um mal-estar da presidente Dilma com o setor?
Todo mundo diz
que sim porque houve um pico de preços logo que ela foi eleita. Mas foi
aquele momento pós-crise e quebra de safra. Parece que a presidente
ficou com uma mágoa.
O empresário
Maurílio Biaggi, que desistiu de concorrer a vice na chapa de Alexandre
Padilha, afirmou recentemente que o setor criou problemas para a
Petrobras ao não cumprir a promessa de aumento de produção...
Não sei com
quem ele está magoado para falar uma barbaridade dessas. O argumento é
que a Petrobras não investiu em refinarias de gasolina porque esperava
que o etanol fosse cumprir um papel dentro do abastecimento. Mas uma
coisa é fazer estimativas de demanda, outra é agir para cumprir a meta.
E o açúcar?
Quando o preço
do etanol estava ruim, mas o do açúcar estava alto, as usinas ainda
sobreviviam. O açúcar subsidiou o etanol. Mas há dois anos o preço do
açúcar está ruim, há excesso de oferta no mercado internacional.
Patrícia Campos Mello
Folha de S. Paulo
Editado por Folha Política
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