A greve geral por reajustes salariais acima da inflação tem como ponto forte a paralisação dos meios de transporte. Por isso, antes da meia-noite, eram longas as filas de automóveis particulares nos postos de gasolina. Os frentistas também cruzaram os braços. Mas mesmo quem quiser trabalhar com o seu próprio carro terá de conseguir furar os mais de 40 bloqueios com manifestantes em pontos de acesso a Buenos Aires. O objetivo é cercar a capital argentina.
A greve deve ter forte adesão em bares, restaurantes, administrações públicas municipais e entre os trabalhadores rurais. O líder da ala opositora da Central Geral dos Trabalhadores e do sindicato dos caminhoneiros, Hugo Moyano, garantiu que a paralisação será um sucesso, em coletiva de imprensa horas antes do começo da greve. "Estamos convictos que o dia de amanhã será uma demonstração de que interpretamos a vontade das pessoas porque a paralisação será massiva", afirmou.
O Ministério do Trabalho publicou anúncio nos jornais no qual garante que "os argentinos querem trabalhar". Para o governo, a greve é política.
Os sindicalistas garantem que não querem desestabilizar o governo e denunciam que para combater a inflação galopante, projetada em torno de 35% para o ano de 2014, a estratégia do governo é diminuir o poder aquisitivo dos salários, limitando os reajustes a taxas abaixo da inflação. Os líderes sindicais também querem que aumente a faixa de isenção salarial para Imposto de Renda e que haja um aumento nas aposentadorias.
Os sindicalistas temem que o governo use infiltrados para provocar distúrbios que afetem a imagem da greve. Por isso, pela primeira vez, não haverá uma marcha de protesto até a Praça de Maio, no centro de Buenos Aires.
A poderosa Central Geral dos Trabalhadores está dividida entre sindicatos favoráveis e opositores ao governo. A CGT oficialista não faz greve. A força combativa está mesmo com a CGT opositora, com os sindicatos dos caminhoneiros e dos gastronômicos à frente do movimento. Também aderiu à greve a Central dos Trabalhadores Argentinos, com força entre os funcionários públicos municipais. Outra adesão veio por parte da Federação Agrária Argentina, que reúne pequenos e médios produtores rurais.
"Será uma greve histórica", vaticinou o líder dos gastronômicos, Luis Barrionuevo.