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Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade. George Orwell ------------“Eu sou um anticomunista que se declara anticomunista. Geralmente, o anticomunista diz que não é. Mas eu sou e confesso. E por quê? Porque a experiência comunista inventou a antipessoa, o anti-homem. Conhecíamos o canalha, o mentiroso. Mas, todos os pulhas de todos os tempos e de todos os idiomas, ainda assim, homens. O comunismo, porém, inventou alguém que não é homem. Para o comunista, o que nós chamamos de dignidade é um preconceito burguês. Para o comunista, o pequeno burguês é um idiota absoluto justamente porque tem escrúpulos”, Entrevista à VEJA em 1969 Nelson Rodrigues--------

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CIENCIA: Experimento Filadélfia, ou o navio que teria se tornado invisível...


Nos últimos anos, teóricos da conspiração decidiram revisitar uma série de fatos ocorridos no passado e que por muito tempo suscitaram dúvidas entre pesquisadores e céticos, por vezes causando nervosismo na população de um modo geral. Este é o caso do chamado Experimento Filadélfia, um suposto projeto naval militar norte-americano, ocorrido em 28 de outubro de 1943, quando o destróier de escolta USS Eldridge tornou-se invisível aos observadores por um curto período. Ganhou notoriedade e também acabou conhecido como Projeto Rainbow.

A história é amplamente considerada uma farsa. A marinha afirma que tais experimentos jamais ocorreram, além disso, detalhes sobre a história contradizem os fatos sobre o USS Eldridge (foto abaixo). Isso, contudo, criou ondas de conspirações, e participantes do Experimento Filadélfia foram relatados em outras teorias da conspiração envolvendo o governo norte-americano.


Várias, diferentes – e às vezes conflitantes – versões sobre o experimento circularam com o passar dos anos. A experiência teria sido conduzida pelo Dr. Franklin Reno como uma aplicação militar da teoria do campo unificado, um termo cunhado por Albert Einstein. Essa teoria visa descrever a interação entre as forças que compõem a radiação eletromagnética e a gravidade. De acordo com as contas que teriam sido possíveis e imagináveis, utilizar alguma versão desta teoria para curvar a luz em volta de um objeto o tornaria essencialmente invisível. Isso teria exigido equipamento especializado e energia suficiente. A Marinha teria considerado isto valioso para uso em guerra e patrocinado a experiência, uma vez que estávamos em plena Segunda Guerra Mundial.

Um destróier, o USS Eldridge, teria sido equipado com os equipamentos exigidos nos estaleiros navais da Filadélfia. Testes teriam começado no verão de 1943, sendo bem sucedidos em um grau limitado. Um teste, em 22 de julho, teria resultado no Eldridge quase completamente invisível, com algumas testemunhas relatando um “nevoeiro esverdeado” em seu lugar. No entanto, os membros da tripulação teriam se queixado de náuseas. Nesse momento, a experiência teria sido alterada a pedido da Marinha, com o novo objetivo a ser exclusivamente invisível ao radar.

O equipamento não teria sido devidamente recalibrado para este fim, mas, apesar disso o experimento seria realizado novamente em 28 de outubro. Desta vez, o USS Eldridge teria não só se tornado quase totalmente invisível a olho nu, mas, na verdade, desapareceu de seu local em um flash de luz verde. De acordo com algumas notas, a base naval de Norfolk teria relatado o avistamento do Eldridge em alto-mar, em seguida o Eldridge teria desaparecido de vista e reapareceu na Filadélfia, no local que tinha originalmente ocupado, em um aparente caso de dispersão acidental teletransporte.


Consequências nos envolvidos...
Os efeitos fisiológicos do experimento sobre a tripulação teria sido profundo: quase toda a tripulação adoecera violentamente. Alguns teriam passado a sofrer de doença mental como resultado de sua experiência; comportamento compatível com a esquizofrenia é descrita em outros relatos.

Outros membros imóveis, como Jacob L. Murray, teriam desaparecido fisicamente de forma inexplicada e cinco tripulantes teriam se fundido ao metal do anteparo ou do convés do navio. Parados, outros desapareceram dentro e fora do campo de vista. Horrorizados com esses resultados, oficiais da marinha tiveram que cancelar imediatamente o experimento. Todos os sobreviventes da tripulação envolvidos sofreram lavagem cerebral na tentativa de fazer os mesmos perderem memória a respeito de detalhes da experiência.

O USS Eldridge foi colocado fora de serviço em junho de 1946. Em janeiro de 1951, foi transferido para o Programa de Assistência de Defesa Mútua da Grécia, rebatizado como HS Leon (D-54). Leon foi desmantelado em novembro de 1992, e em novembro de 1999 foi vendido como sucata.

Em 1984, com o auge da história envolvendo esta lenda urbana com teoria da conspiração, foi lançado o filme “The Phidadelphia Experiment”.



Analisando o caso quase friamente…
O Experimento Filadélfia tornou-se conhecido nos Estados Unidos a partir de 1956, quando o caso foi relatado no livro de um astrônomo, Dr. Jessup, que também pesquisava avistamentos de discos voadores. Para quem gosta de teorias da conspiração, em 1959 o autor cometeu suicídio. Depois disso, o caso caiu no esquecimento e retornou com todas pompas em 1979 com mais um livro com título homônimo ao ocorrido, “O Experimento Filadélfia”.

Ao longo das décadas, a imprensa e investigadores da Mufon contactaram vários supostos testemunhos relacionados a esta experiência, que teria sido mal-sucedida e, portanto, cancelada pelo governo norte-americano. Geralmente os relatos são desencontrados, repletos de ufanismos e que misturam um pouco de loucura: fala-se em lavagem cerebral, teletransporte e até mesmo viagens no tempo (uma das testemunhas que afirmou ter estado no Eldridge naquele dia falou que saiu de 1943 e foi parar em 1983).

Por conta do destaque, o destróier que foi para a Grécia acabou virando mira da mídia sensacionalista. Pessoas contavam histórias aparentemente absurdas: calafrios, presença de fantasmas, setores lacrados, aparecimentos de campos elétricos (orbs) etc.

Um dos maiores problemas é que as duas testemunhas do Experimento Filadélfia, entrevistadas nos dois principais livros, não são muito confiáveis; elas permanecem escondidas atrás de uma aura nebulosa de muito mistério e, por isso, narram o que poderíamos chamar de roteiro de filme. Até as datas da suposta experiência são discordantes nas versões destas testemunhas. Assim, parece que não há nenhuma testemunha confiável.

Os céticos, pesquisadores mais racionais e a própria Marinha americana deixam uma série de questionamentos para aqueles que acreditam na validade do Experimento Filadélfia... (1) Por que usariam um destróier novo em um experimento exótico? (2) Por que realizar um experimento “ultrassecreto” perto de uma autoestrada movimentada todas as horas do dia? (3) Por que a Marinha doaria um navio que fez parte de um projeto secreto que ela sempre negou ter ocorrido?


Algumas conclusões...
A teoria do experimento está sedimentada em uma série de desencontros históricos e histerias coletivas (primeiramente em relação à Segunda Guerra Mundial, depois com a Guerra Fria) quando ações militares eram vistas como possibilidades a uma nova guerra entre potências globais. Não há qualquer evidência jurídica, material, jornalística ou científica que comprove a realização da experiência no mar. Quem defende a realização do Experimento Filadélfia explica que é assim que os Estados Unidos costumam fazer: negar, negar e negar, forjar documentos e até desaparecer com testemunhas (uma alusão ao suicídio do Dr. Jessup).

Entretanto, se formos pesar na balança da justiça perceberemos que o Experimento Filadélfia é uma mistura de lenda urbana dos tempos nebulosos da guerra, teoria da conspiração contra ações de uma potência mundial e relatos de testemunhas não muito confiáveis à luz da ciência.


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