Crocodilo guerreiro, encontrado no Rio de Janeiro, foi um predador carnívoro, semiaquático e com cerca de 2 metros de comprimento
O fóssil do Sahitisuchus fluminensis foi encontrado no Parque Paleontológico de São José de Itaboraí, na região metropolitana do Rio, na década de 1940. No "Berço dos Mamíferos", como é conhecido o parque, os cientistas encontraram um crânio parcialmente completo (com 32 centímetros) e bastante conservado, com as primeiras vértebras cervicais acopladas a ele.
Somente depois de 70 anos de estudos, os paleontólogos Alexandre Keller e André Pinheiro, do Museu de Ciências da Terra, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), e Diógenes Campos, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conseguiram reconstruir o animal.
Longa demora – A apresentação do crocodilo guerreiro demorou tanto porque os cientistas precisaram reunir outros materiais (como dentes) para identificar características do fóssil. Ele seria um predador carnívoro (com dentes serrilhados e focinho alto e comprido), semiaquático, ágil, com aproximadamente 2 metros de comprimento e hábito de caçar em bando.
"Estudar essa fauna é importante para compreendermos mais sobre o período entre a extinção dos dinossauros e o surgimento dos mamíferos", diz o pesquisador Diógenes Campos. O crocodilo guerreiro do Rio de Janeiro pertence a um grupo natural da América do Sul, com espécies encontradas na Bolívia e na Argentina. Apesar de ter sobrevivido à grande extinção do período Cretáceo (145 milhões a 65 milhões de anos atrás), não há descendentes da espécie atualmente.
"Ainda não sabemos a causa do desaparecimento total desse grupo. Podem ser fatores climáticos ou mesmo migração de outras espécies mais fortes para a América do Sul", afirmou André Pinheiro. Hoje, existem apenas cinco espécies de crocodilos na América do Sul.
FONTE: Estadão Conteúdo