
Barrinha de cereais, leite de soja e peito de peru são apenas algumas
opções que você compra pensando na saúde do seu filho. Apesar da fama
de nutritivos e saudáveis, cuidado: é preciso consumi-los com moderação,
pois você pode acabar levando gato por lebre.
1 – Barrinha de cereais
Elas prometem ser uma ótima opção para o lanche das crianças porque
são práticas de armazenar e contêm fibras – nutrientes que aumentam a
sensação de saciedade, dão energia e ajudam no funcionamento do
intestino e na absorção de gorduras. Pelo menos na teoria. Especialistas
alertam que muitas das barrinhas de cereais que existem no mercado são
na verdade, ricas em açúcar e sódio. Para saber se a que você compra é
assim, compare os ingredientes que estão no rótulo. O que vem primeiro é
o que está em maior quantidade, então procure marcas em que a fibra
esteja no começo da lista. Prefira as de fruta, que são menos
gordurosas, e as que contêm flocos de milho, mel, aveia e castanhas. “
Também fique de olho porque a lecitina de soja, substância usada para dar liga no alimento, pode causar alergia nas crianças”, alerta a nutricionista
Elaine Pádua, autora do livro
O Que Tem no Prato do Seu Filho?
– Um Guia Prático de Nutrição Para os Pais (Ed. Alles Trade). Você pode
fazer uma barrinha mais natural em casa ou substituí-la pela bananada
(doce de banana em massa) sem açúcar, que também tem fibra e mais
vitaminas. Nesse caso, a banana não é desidratada, como na barrinha,
mantendo seus nutrientes.
2 – Suco de caixinha

Algumas dessas bebidas, também chamadas de néctar de fruta, têm tanto
quanto ou até mais açúcar do que os refrigerantes. São até duas colheres
de sopa a cada 200 ml, além de uma quantidade grande de sódio,
substância que, em excesso, pode sobrecarregar os rins e aumentar as
chances de a criança ter pressão alta no futuro. Os corantes e aromas
também aparecem no suco de caixinha (inclusive nos de soja), ou seja,
mais química ainda.
A saída é alterná-lo com o suco natural (ou água mesmo!).
Você pode dar o industrializado no lanche, por exemplo, e o caseiro, no
jantar. Na lancheira térmica, o suco natural dura até três horas sem
estragar. Para aumentar a duração da bebida, misture-a com água de coco,
que retarda o processo de oxidação, é um hidratante natural e não tem
muito sódio nem na versão das prateleiras. Outra alternativa são os
sucos prontos integrais, que não têm açúcar e só precisam ser
dissolvidos em água. Mas não abuse. Qualquer tipo de suco deve ser
consumido no máximo duas vezes ao dia, pois são calóricos – pense que,
para fazer apenas um copo do de laranja, é preciso três frutas!
3 – Peito de peru

Apesar de ser visto como uma alternativa melhor do que o presunto, os
dois têm a mesma quantidade de sódio e gordura porque são uma mistura de
carne e pele (eca!) do animal. Para conservar o produto, as indústrias
usam nitritos e nitratos, substâncias químicas que, segundo algumas
pesquisas, podem causar câncer se consumidas por muito tempo. Por isso,
libere esses alimentos embutidos ou processados (e, nessa categoria,
entra também a salsicha e a mortadela) apenas uma vez por semana, de
preferência a versão sem capa de gordura. Além disso, no Brasil o peito
de peru vem quase sempre acompanhado de
Glutamato Monossódico, um realçador de sabores que pode causar diversos problemas a saúde.
4 – Sobremesa láctea
As sobremesas lácteas (como o queijo petit suisse ou aquelas sabor
chocolate, baunilha…), fazem sucesso com as crianças porque são bem
docinhas e saborosas. Mas não se engane pela aparência de iogurte, pois
elas têm bem menos quantidade de cálcio – um mineral essencial para o
crescimento e fortalecimento dos ossos, dentes e cabelos. Além disso,
esses produtos são gordurosos e têm pouca proteína. “
No lugar da
fruta, mais nutritiva, muitos contêm aromas e corantes artificiais, que
devem ser evitados nos primeiros anos de vida pois estão relacionados a
uma série de problemas – de alergia à hiperatividade”, afirma
Elaine Pádua. Ela explica que os corantes amarelos e vermelhos são os
mais perigosos. É claro que seu filho vai querer comer essas guloseimas
de vez em quando. Porém, sempre que possível, substitua por uma mistura
de iogurte natural com a fruta que ele mais gosta. Basta bater essa
combinação no liquidificador ou amassá-la com um garfo. Se o seu filho
quiser algo mais doce, coloque açúcar mascavo. Essa preparação deve ser
consumida entre 30 minutos e 1 hora.
5 – Leite de soja
A soja é classificada como um alimento saudável, mas nem sempre é uma
boa ideia oferecê-la para as crianças. Isso porque pode ser tão
alergênica quanto a lactose, presente no leite de vaca. “
A soja é
uma proteína de difícil digestão, por isso, pode causar alergias
alimentares em crianças menores de dois anos, que têm um sistema
digestivo imaturo”, afirma a nutricionista
Santhi Karavias,
do projeto Lancheira Saudável, em São Paulo. Alguns especialistas até
questionam o nome “leite”, já que ele não oferece os mesmos nutrientes,
como os aminoácidos e o cálcio. Se o seu filho tem intolerância à
lactose, você já encontra bebidas com adição de cálcio. Também vale
substituir por leite de arroz, amêndoa e de cabra. Além disso, a soja no
Brasil é quase toda proveniente de soja transgênica, que conforme
estudos
pode causar diversos problemas a saúde, como alergias, esterilidade, alteração na formação de órgãos, doenças hematológicas e cânceres, por exemplo.
6 – Bisnaguinha
Ela é molinha e fofinha graças a muuuita gordura hidrogenada! Esse
tipo de pão é feito de farinha branca e açúcar, ou seja, tem poucos
nutrientes e nada de fibras. Não faz mal oferecê-lo uma vez por semana,
mas, nos outros dias, opte pela versão integral ou de fôrma, recheando
com requeijão ou até geleia, contanto que seja sem açúcar. Os pães de
padaria ou feitos em casa, naquelas panificadoras portáteis, também são
ótimos substitutos, pois têm menos conservantes. Outra opção rápida e
saudável: minipizza de pão sírio! Chame seu filho para ajudar você a
montar essa delícia com muçarela de búfala, queijo prato ou queijo
branco, tomate – pode ser o cereja, que as crianças adoram – e algumas
folhinhas de manjericão fresco. Aí, é só colocar no forno em fogo baixo
por 15 minutos e se deliciar.
7 – Frozen yogurt
Eles parecem saudáveis por conta do iogurte, que tem pouca gordura e é
fonte de cálcio. Realmente são uma boa opção, mas só se a marca de
frozen usar iogurte de verdade em sua formulação. “
Esse ingrediente é bom porque é natural e não tem aromatizante”,
explica Santhi Karavias, do projeto Lancheira Saudável (SP). Em 2011, o
Proteste analisou oito lojas e constatou que apenas uma usava mesmo a
bebida láctea, enquanto as outras misturavam sorvete comum ou à base de
iogurte. “
Esses últimos têm gordura saturada e trans, que aumentam o colesterol ruim e ainda diminuem o bom”,
completa Santhi. Para se proteger dos “falsos”, analise o rótulo
(quando tiver) e pergunte a porcentagem de gordura (quanto mais próxima
de zero, melhor). Ah, e controle as coberturas escolhidas pelo seu
filho, que costumam ser uma bomba calórica.
8 – Cereal matinal
Já reparou no que sobra no saquinho quando acaba o cereal do seu
filho? Açúcar puro. Pode ser uma boa fonte de energia, já que cada grão
do cereal é um grão de milho, mas só. “
É possível conseguir a mesma quantidade de carboidratos em outros alimentos, como pão integral e mingau”, explica a nutricionista
Priscila Maximino,
da Nutrociência, que presta assessoria nutricional, em São Paulo. Há,
no entanto, opções sem açúcar (em geral, destinadas aos adultos). Você
pode adicionar uma fruta, como banana ou morango, para deixar a mistura
mais docinha. Depois que seu filho tiver um ano, também dá para usar
mel. Se quiser usar açúcar mesmo, prefira o cristal (uma colher de chá
basta), que é menos processado do que o refinado. A mesma questão dos
diversos problemas a saúde da soja transgênica vale para o milho, que é quase todo transgênico no Brasil.
9 – Empanados de frango
Parece carne de frango, mas o empanado é o que os nutricionistas
chamam de compensado, uma mistura de ingredientes nada nutritivos, como
partes de frango, pele, farinha e leite em pó. Então, mesmo que você
faça assado em vez de frito, ele não é saudável. Para piorar, o que dá
gosto à mistura é o glutamato monossódico. “
A substância realça o sabor e interfere no paladar da criança, deixando a papila gustativa acostumada a esse tipo de alimento”, conta a nutricionista funcional
Gabriela Maia,
do Rio de Janeiro. Muitas vezes o empanado industrializado é usado como
substituto da carne de boi ou de frango, que são proteínas completas.
Só que eles não são equivalentes. Uma opção é fazê-lo em casa. Não tem
tempo? Então, para suprir a quantidade de proteínas da carne, que tal
cozinhar cerca de quatro ovos de codorna? O preparo vai levar os mesmos
cinco a dez minutos.
10 – Produtos light e diet
Se você tinha a impressão de que poderia consumi-los sem restrições,
esqueça! Para crianças, os diet e os light são indicados apenas em casos
de doenças como obesidade e diabetes. Achar que eles podem ser servidos
à vontade, já que têm menos açúcar e gordura, é um erro. “
Isso
porque o fabricante adiciona sódio para manter o sabor. Então, melhor
ingerir uma quantidade menor da versão tradicional do que o dobro da
light”, orienta
Virginia Weffort, nutróloga do
Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP). E a criança precisa de energia para crescer, então não é
indicado tirar totalmente o açúcar da dieta – lembrando que ele é
encontrado em vários alimentos, como frutas e massas.
Eles são saudáveis, quem diria
Atum enlatado

A versão conservada em água em vez de óleo é fonte de ômega 3 e tem gordura boa. Bom substituto para os embutidos.
Legumes congelados

São práticos e têm boa conservação de nutrientes e fibras. O congelamento faz com que percam apenas um pouco de vitamina C.
Fonte:
Revista Crescer