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Mostrando A verdade que a mídia não mostra - NÃO SEJA MASSA DE MANOBRA. PENSE, QUESTIONE E ANALISE.SAIA DA MATRIX ! Porque o mundo não é como nos contaram, a história foi modificada, a música, o cinema, a política, o esporte, a igreja, os alimentos, tudo está no domínio deles, até o CLIMA.
Exame com 'Fora Dilma' ilustra guerra entre governo e Médicos
Era só mais um exame oftalmológico de rotina: "A!", "F!",
"W!", repetia o paciente, enquanto tentava enxergar letras cada vez
menores. Ao receber o resultado impresso de suas taxas de miopia e
astigmatismo, porém, os olhos do paciente saltaram: "Fora Dilma",
dizia em letras maiúsculas um trecho do laudo médico.
O
caso aconteceu na segunda semana de setembro, dentro da clínica de olhos da
Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte - hospital cujo atendimento é 100%
vinculado ao SUS.
Após
a eclosão da história, descoberta pelo jornal mineiro O Tempo, a entidade
divulgou uma carta pública, pedindo desculpas à presidente e candidata à
reeleição pelo PT Dilma Rousseff, e anunciou abertura de sindicância para
investigar o que considerou um "ato de sabotagem" contra a
instituição.
As
investigações sobre o caso continuam, mas fontes ouvidas pela BBC Brasil
afirmaram que dificilmente o responsável será identificado, já que a máquina
utilizada para imprimir os resultados dos exames é manuseada por pelo menos dez
profissionais.
De
qualquer forma, o episódio ilustra a crise entre parte da classe médica e o
governo federal, acirrada especialmente após o lançamento do programa Mais
Médicos, em julho do ano passado.
A
vinda de médicos estrangeiros para trabalhar na atenção básica, como parte do
programa, fez com que a principal entidade de representação da classe médica (o
Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Ministério da Saúde passassem a viver em
pé de guerra, em uma situação que se estende por mais de um ano.
O
que você acha da polêmica entre médicos e o governo. Dê sua opinião na página
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Fogo
cruzado
Em
meio ao fogo cruzado, os cerca de 4 mil brasileiros especialistas em medicina
de família - que atendem pacientes nas periferias e nos rincões mais distantes
do país e que são os personagens principais neste enredo - afirmam enxergar
prós e contras no discurso de ambos os lados.
Laudo
de exame oftalmológico da Santa Casa de Belo Horizonte trazia inscrição
"Fora Dilma"
Conselho
e Ministério os representam - mas nenhum deles parece falar sua língua.
Entre
os principais fatores de discordância entre o governo e a entidade médica estão
o volume de investimentos em infraestrutura de postos de saúde, as políticas de
remuneração e formação de profissionais e a vinda de médicos estrangeiros -
especialmente os cubanos.
"Por
um lado, o programa (Mais Médicos) tornou a atenção em saúde acessível e
reduziu mortalidade. Por outro, não veio uma política de Estado de médio prazo",
pondera o pediatra e professor de Atenção Básica Luis Cutolo, que ensina na
UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e na Univale.
Leia
também na BBC Brasil: Médica de família 'dirige Chevette e namora Creisom' em
apostila para concurso
Nos
dois extremos do comentário do professor estão as posições do governo e do CFM.
"Há
cidades no interior onde pessoas morrem de pneumonia porque não têm médico nem
penicilina, em pleno século 21. Ora, era necessário uma atitude urgente para
fazer com que essas pessoas não morressem", argumenta Cutolo.
"Esses
médicos vieram para ocupar espaços que os médicos brasileiros não ocupavam. Mas
o governo cometeu uma série de erros estratégicos: não foi claro, não debateu
isso com a sociedade antes."
Carreira
Em
entrevista à BBC Brasil, o clínico Carlos Vital Corrêa Lima, vice-presidente do
CFM, atacou "a falta de vontade política" para a criação de planos de
carreiras e a existência de "postos carentes de condições básicas de
infraestrutura" na atenção básica.
"O
problema da saúde no Brasil é crônico, mas vem agonizando nos últimos 12
anos", diz o representante da categoria, em referência aos governos
petistas.
Representantes
do governo, por sua vez, afirmaram que os aportes financeiros na área mais que
dobraram na gestão de Dilma Rousseff.
"O
Ministério da Saúde está investindo fortemente em infraestrutura para melhorar
a rede de atenção à saúde e oferecer condições adequadas de trabalho aos
profissionais. São R$ 5,6 bilhões destinados aos municípios para a construção,
reforma e ampliação de 26 mil Unidades Básicas de Saúde e R$ 1,9 bilhão para
construção e reforma de Unidades de Pronto Atendimento 24h", disse o
Ministério.
Hoje,
de acordo com o governo, existem 37.319 equipes de saúde da família no país,
cobrindo uma população de 116.417.019 pessoas.
Em
resposta às cobranças de planos de carreira, o governo diz que "estimula a
implantação e a reestruturação dos planos de carreira nos âmbitos estaduais e
municipais" e que financia "projetos estaduais para criação de planos
de carreiras, cargos e salários e para a desprecarização de vínculos
trabalhistas no SUS".
"O
SUS é interfederado, tem atribuições de Estados, Municípios e da União",
diz Marcos Pedrosa, médico de família e professor da UFPE. "Para federalizar
toda a mão de obra seria preciso acabar com a lei de responsabilidade fiscal,
que estabelece teto para a participação da folha de pagamento do funcionalismo
público no orçamento da União. Em cidades pequenas, o salário do prefeito
muitas vezes é menor que o salário necessário para atrair um médico",
afirma.
Profissionais
de medicina familiar entrevistados pela BBC Brasil disseram considerar a
criação de planos de progressão salarial para médicos do SUS um dos pontos
críticos para que mais estudantes decidissem se especializar na atenção básica.
Hoje, apenas um em cada dez desses profissionais tem esta especialização -
considerada a formação mais adequada para o atendimento primário de saúde.
De
acordo com a Constituição brasileira, a gestão e os serviços de saúde devem ser
descentralizados - portanto, a responsabilidade federal é compartilhada com
Municípios e Estados.
Em
nota, hospital pediu desculpas à presidente Dilma Rousseff
Estrangeiros
O
médico de família Paulo Klingelhoefer de Sá, que há mais de 20 anos trabalha na
atenção básica e hoje é coordenador do curso de medicina da Faculdade de
Medicina de Petrópolis (FMP), opta pelo meio termo entre os discursos do
governo e da entidade representativa.
"O
Partido dos Trabalhadores, quando no poder, não criou condições adequadas de
contratação, de salário e de condições de trabalho para o profissional. Ele
teve iniciativas que foram interessantes, mas não suficientes. Se você não
botar dinheiro no bolso do cara para ele ter condição de pagar as contas dele,
ele não vai ficar."
Segundo
o governo, mesmo com ofertas de salários acima de R$ 20 mil, apenas 12% das
vagas foram preenchidas antes da abertura do processo de cooperação com médicos
estrangeiros.
Hoje,
segundo o Ministério, quase 80% dos mais de 14,4 mil participantes do programa
Mais Médicos vêm de Cuba. Ainda de acordo com o governo, 2,7 mil cidades são
atendidas exclusivamente por cubanos.
O
vice-presidente do CFM novamente bate de frente. "A vinda dos cubanos é
parte de um processo de sustentação econômica dessa bela ilha do Caribe",
diz Vital. "É um interesse de Cuba, haja vista a resistência natural (dos
brasileiros) fundamentada pela falta de condições de trabalho", afirma.
"Por isso há dificuldade de preenchimento dos espaços."
O
ministério contra-argumenta. "(As localidades atendidas pelo programa)
agora têm o médico atendendo, de segunda a sexta-feira, em tempo
integral".
Rodrigo
Lima, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
(SBMFC), critica a "ideologização" da discussão. Segundo o médico, a
discussão hoje é muito mais política (direita X esquerda) do que efetivamente
construtiva.
"Há
um componente ideológico forte, porque as corporações médicas historicamente
têm se posicionado mais à direita. E o governo anuncia que vai trazer tantos
médicos cubanos, sem validar o diploma e passando o dinheiro direto para o
governo cubano. Foi uma declaração de guerra", diz.
Para
o médico, o Mais Médicos "tem muitos defeitos", mas vale a pena
trabalhar para aperfeiçoá-lo.
"Temos
que estar junto para construir algo que é melhor", diz. "Fomos muito
criticados dentro da corporação médica por isso."
DO BBC
BRASIL
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