Uma “nuvem” concentrada de césio radioativo liberada pela explosão da usina nuclear de Fukushima em março de 2011 deve chegar à costa leste do Oceano Pacífico entre 2015 e 2016, de acordo com novo estudo publicado nesta segunda-feira (29) na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). O baixo nível de concentração do material, no entanto, não causaria risco às populações dos Estados Unidos e do Canadá.
A explosão de reatores da usina de Fukushima foi causada pela tsunami causada por um forte terremoto que atingiu o litoral do Japão em 2011. O acidente liberou grandes quantidades de césio 134 e 137, das quais uma parte foi absorvida pela superfície do mar.
O estudo afirmou que, no total, a poluição radioativa no Pacífico foi estimada entre 3,5 e 27 pentabecquerels, ou seja, entre 3,5 e 27 milhões de bilhões de becquerel (Bq), unidade de medida aplicada a elementos radioativos. Correntes marinhas e atmosféricas diluíram e dispersaram parte d material, sendo uma parte depositada em sedimentos marinhos ao longo da costa japonesa.
No entanto, outra parte foi carregada para leste, em direção à costa norte-americana. Dois motores de circulação oceânica na área, o Oyashio e Kuroshio, realizaram a migração a uma velocidade de 8 centímetros por segundo, de acordo com os autores.
Para traçar a rota do césio, os oceanógrafos do Bedford Institute of Oceanography em Dartmouth, no Canadá, analisaram amostras de água salgada do Pacífico entre 2011 e 2014 coletadas pela guarda costeira canadense.
Em junho de 2012, 15 meses após o acidente no Japão, a presença de césio radioativo de Fukushima foi medida em águas de superfície a 1,5 mil km a oeste da província canadense de British Columbia a níveis muito baixos, entre 0,2 e 0,4 Bq por metro cúbico de água. Um ano depois, em junho de 2013, o sinal foi detectado nas águas continentais da América do Norte, perto da costa canadense. E em fevereiro de 2014, a poluição radioativa de Fukushima foi estimada em 2 Bq por metro cúbico.
A elevação nos níveis de concentração ao longo do tempo indicam a aproximação da “nuvem” de césio da costa. O pico será atingido entre 2015 e 2016, período em que os oceanógrafos estimam entre 3 a 5 Bq por metro cúbico de água.
Mesmo assim, a concentração está longe de representar perigo para quem mora na costa leste do Pacífico. Os oceanógrafos lembram que normas canadenses fixam um limite de até 10 mil Bq por metro cúbico para água potável, ou seja, duas mil vezes mais do que a “nuvem” de Fukushima. O estudo garante ainda que o material radioativo também não comprometerá a fauna e flora marinha.
Via: Globo.com