Imagem: Edson Lopes/R7 |
A movimentação pró-golpe vem crescendo e a realização da segunda edição da “Marcha da Família” e o fortalecimento de grupos de extrema-direita são exemplos claros disso. No entanto, não é apenas entre os civis que esta política pró-golpe vem se desenvolvendo. Ela vem sendo executada e colocada em prática por um amplo setor das Forças Armadas.
Um dos aspectos mais importantes se manifesta na defesa da candidatura à presidente da República do general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, militar da reserva que esteve à frente da Minustah (missão militar da ONU no Haiti) e ex-comandante militar da Amazônia. Como os militares (assim como os juízes) podem se filiar a partidos seis meses antes do pleito, a data limite para a decisão de Heleno é o dia 5 de abril.
Esta não foi a única iniciativa de militares para intervir nas eleições de 2014. No ano passado, o Partido Militar Brasileiro (PMB) tentou, mas não consegui obter o registro necessário junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As iniciativas que vêm da caserna tampouco (como é natural) ficam restritas às eleições.
Em julho do ano passado, o coronel do Exército (atualmente na reserva), Gélio Fregapani, afirmou que o Brasil está a três passos de uma guerra civil. Em seu artigo, “Os rumos que seguimos apontam para a possibilidade de guerra intestina”, Fregapani afirma: “O MST se desloca como um exército de ocupação. As invasões do MST são toleradas, e a lei não aplicada. Os produtores rurais, desesperançadas de obter justiça, terminarão por reagir. Talvez seja isso que o MST deseja: a convulsão social. Este conflito parece inevitável”.
No texto fica explícita a crítica ao MST e o pedido de mais repressão. A crítica ao governo do PT está implícita quando ele diz que as “invasões são toleradas”. Embora não conste no texto é impossível não imaginar o desfecho proposto. “Governo conivente com ações subversivas” e “ameaça de guerra civil” foram dois dos pretextos para o golpe de 1964.
Outro general da reserva, Luiz Eduardo Rocha Paiva, ex-secretário geral do Exército, foi mais claro em suas pretensões. No início de fevereiro ele publicou o artigo “Questão de Consciência”, onde contesta o que é ensinado nas escolas sobre o golpe de 1964 e pede abertamente uma nova intervenção das Forças Armadas quando diz que “o tempo para os militares reagirem ao governo da esquerda totalitária está se esgotando”.
É importante notar que a declaração parte do alto escalão das Forças Armadas e que este setor, via de regra, usa militares da reserva ou suas esposas para expressarem suas opiniões, uma vez que evitam quebrar a hierarquia da corporação. Uma declaração destas dada por um atual comandante das Forças Armadas, por exemplo, poderia acarretar em penalidades.
Neste sentido, as opiniões que citamos nesta matéria não podem ser vistas como algo isolado. Esta postura pró-golpe deve vir à tona no próximo período quando os Clubes Militares devem marcar comemorações em razão do aniversário de 50 anos do golpe de 1964.
Todas estas manifestações mostram que é preciso desde já iniciar uma ampla campanha contra a política golpista da direita. Algo que para o movimento operário deve ser feito com a realização de uma Frente Única de todas as organizações de esquerda (partidos, sindicatos, movimentos sociais etc.) para barrar as iniciativas golpistas por meio da luta, ou seja, com a mobilização revolucionária de todos que se opõe a direita.
FONTE: Folha Política